Egresso da UFC faz parte de grupo que mostrou eficácia do plasma convalescente no tratamento de pacientes com covid-19

Francisco Diego Rabelo da Ponte, graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é um dos cientistas envolvidos na pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com a Universidade de Miami, que mostrou a eficácia do uso de plasma convalescente no tratamento da covid-19. Ele conversou com  o portal Egressos sobre esse trabalho, sua trajetória acadêmica e experiências com a ciência dentro da UFC.

O grupo formado por Francisco Diego Rabelo da Ponte como primeiro autor e mais quatro cientistas teve o manuscrito do artigo científico ‘Convalescent Plasma Therapy on Patients with Severe or Life-Threatening COVID-19: A Metadata Analysis’ aprovado para publicação no The Journal of Infectious Diseases (Oxford University Press). Por meio de metanálise, os pesquisadores mostraram a eficácia do uso do plasma convalescente no tratamento de pacientes com covid-19.

Em linhas gerais, Ao contrair um vírus como o covid-19, o sistema imunológico cria anticorpos para combater o vírus. Os anticorpos são encontrados no plasma, que é a parte líquida do sangue. O plasma com esses anticorpos de combate à infecção é chamado de “plasma convalescente”, usado no tratamento experimental. 

Francisco Diego encontrou na própria família a principal motivação em participar da pesquisa: “Tive familiares adoecidos pela covid-19 e senti a necessidade de ajudar de alguma forma aqueles que estavam sofrendo com a doença, usando meus conhecimentos”. Ele trabalhou principalmente na extração e análise dos dados e na escrita do artigo, com orientação do Professor Fábio Klamt do Departamento de Bioquímica da UFRGS e das doutoras Daiane Silvello e Juliana Scherer. 

Atualmente doutorando em Psiquiatria e Ciências do Comportamento na Faculdade de Medicina da UFRGS, Francisco Diego é membro colaborador do Laboratório de Psiquiatria Molecular do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e desenvolve pesquisas em Transtorno Bipolar com ênfase em neurocognição e machine learning. 

O pesquisador recorda seus primeiros passos na trajetória acadêmica: “No geral, minha graduação em Psicologia na UFC foi bem rica. Possibilitou-me entrar em contato com diversos campos de saberes, contribuindo com um aprendizado amplo sobre metodologia científica. Como sempre me interessei por áreas próximas à neurociência, eu acabei trabalhando com a Profª Danielle Macedo, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC. Posteriormente, trabalhei no Laboratório de Estudos em Análise do Comportamento, do Prof. João Ilo e do professor substituto, na época, Bruno Ceppi, do Departamento de Psicologia”.  

Sempre atento ao novo e ao que acontecia no meio científico, Diego diz que a curiosidade foi o que o fez chegar ao atual estágio da sua carreira e que desde o início da graduação já sabia o que queria fazer. “Sempre fui muito curioso em buscar informações. Durante a graduação, descobri que fazer ciência é justamente ser um curioso por aquilo que não se sabe. Então, desde o primeiro ano da graduação quis seguir a carreira acadêmica, focado em neurociências”.  

PRÊMIOS ‒ Em 2019, recebeu o prêmio the Samuel Gershon Junior Investigator Awards da International Society for Bipolar Disorders (ISBD) – uma das sociedades científicas mais respeitadas da Psiquiatria – com o seu trabalho sobre heterogeneidade cognitiva no Transtorno Bipolar utilizando Inteligência Artificial. Em 2020, ganhou o prêmio the International Travel Grant Award da International Brain Research Organization (IBRO), devido ao seu trabalho sobre detecção precoce de Transtorno Bipolar. 

DOAÇÕES DE PLASMA ‒ Diego destacou a importância de pessoas que tiveram covid-19 doarem Plasma Convalescente nos pontos de coleta de sangue da suas regiões. Em Fortaleza, o HEMOCENTRO está recebendo doações de plasma convalescente. “Muito importante a doação de quem teve COVID para ajudar os pacientes que estão internados”.