Aluna da Pós em Farmacologia recebe prêmio internacional por pesquisas sobre covid-19

O trabalho intitulado “What are the consequences of COVID-19 in pregnacy for fetal neurodevelopment?” (Quais as consequências da COVID-19 na gravidez para o neurodesenvolvimento do feto?), de autoria da aluna de doutorado Letícia Régia Lima Cavalcante, do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal do Ceará, recebeu, nessa quarta-feira (10), premiação no Congresso Covid Generation (COVGEN) Research Summit, sediado em Chicago (EUA).

Letícia já é mestre pelo mesmo programa e bacharel em Biotecnologia também pela UFC, onde foi representante do Programa Integrado de Qualificação Discente do curso (PIQD-Biotec). Foi bolsista do Programa Jovens Talentos para a Ciência, do Programa de Iniciação à Docência e de Iniciação Científica na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Realizou graduação sanduíche na University of Technology, Sydney através do programa Ciência sem Fronteiras (CsF) do Governo Federal nos períodos de 2015.2 e 2016. 

A pesquisa premiada teve como orientadora a Profª Danielle Macêdo Gaspar e faz parte do projeto “Complicações Neuropsiquiátricas Decorrentes da Exposição Pré-Natal ao Vírus SARS-CoV-2: Atenção ao Binômio Mãe-Bebê”, também coordenado pela Profª Danielle Macedo, com financiamento do Ministério da Saúde/CNPq. O estudo tem buscado compreender a repercussão da infecção por SARS-CoV-2, o vírus causador da covid-19, durante a gravidez e suas possíveis complicações nos bebês.

A doutoranda Letícia Cavalcante estuda as consequências da COVID-19 na gravidez para o desenvolvimento neurológico do feto (Foto: acervo pessoal)

O projeto é o único do Brasil, até o momento, a integrar a COVGEN (do inglês Covid Generation), aliança internacional de pesquisas com foco nas consequências da covid-19 para a próxima geração. Do Congresso, que contou com atividades presenciais e virtuais, participaram pesquisadores de diversos países com o objetivo de fomentar a colaboração científica na busca de se entender as consequências da contaminação pelo vírus SARS-CoV-2 sobre as famílias e crianças ao redor do mundo que foram concebidas, gestadas e nasceram durante a pandemia.

PREMIAÇÃO – De acordo com a Profª Danielle Macedo, o COVGEN “ressalta a importância do trabalho premiado para a difusão da iniciativa criativa, assim como sua contribuição significativa para a disseminação de uma ciência mais acessível”.

Por sua vez, a doutoranda premiada Letícia Cavalcante afirma que “é muito gratificante saber que a nossa pesquisa foi reconhecida dentre tantos grupos de altíssimo nível do mundo inteiro. Acima de qualquer coisa, este reconhecimento representa um incentivo para continuar acreditando na ciência brasileira e continuar trabalhando na construção do conhecimento científico”. Ela participou do encontro de modo remoto.

Para a doutoranda foi “uma grande honra, como aluna de pós-graduação e aspirante a pesquisadora, poder fazer parte deste momento e falar sobre a nossa pesquisa e um pouco do que estamos fazendo aqui”. Letícia considera que o congresso representou uma oportunidade de “muita troca de conhecimentos, onde pesquisadores do mundo inteiro puderam compartilhar e debater sobre seus protocolos de pesquisa, achados iniciais e perspectivas”.

A pesquisa faz parte de projeto da UFC, único do Brasil, até o momento, a integrar a COVGEN, aliança internacional de pesquisas com foco nas consequências da covid-19 para a próxima geração (Imagem: Divulgação)

PERSPECTIVAS – Letícia Cavalcante informa que atualmente ela e a equipe estão finalizando a coleta de amostras do último grupo de estudo e darão início à análise do material biológico. “Para isso, contaremos com parcerias tanto no País como fora“, afirma.

A doutoranda acrescenta que as pacientes do estudo estão sendo recrutadas na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), “graças à colaboração do Prof. Herlânio Costa”. O diagnóstico de covid-19 é feito pelo método do RT-PCR e a pesquisa de anticorpos vem sendo realizada pelo Laboratório de Biologia Molecular e Inovação Diagnóstica da COVID no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (HEMOCE) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), onde contam com a colaboração do Prof. Fabio Miyajima.

Ela cita ainda o Prof. Eurico Arruda, coordenador do Laboratório de Patogênese Viral no Centro de Pesquisa em Virologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), como colaborador do projeto no protocolo pré-clínico. E informa que as análises de epigenética dos tecidos colhidos no parto serão realizadas por dois pesquisadores do Departamento de Cirurgia da Universidade de Utah, nos Estados Unidos.

Letícia explica que a coleta de amostras se inicia na fase pré-natal, “quando colhemos o sangue da mãe. No momento do parto, colhemos a placenta, o cordão umbilical e o sangue do cordão umbilical. Amostras de saliva do bebê são colhidas nas primeiras horas de vida e do leite materno nos primeiros meses. A cada seis meses, o bebê passa por avaliações de neurodesenvolvimento e são colhidas amostras de sangue, saliva e fezes”.

Com isso, “a ideia é investigar a capacidade do vírus em causar alterações no desenvolvimento da criança, relacionando estes achados com possíveis alterações moleculares mais precoces observadas nas amostras coletadas no pré-natal e no parto. Com a identificação destes marcadores precoces, seria possível desenvolver estratégias de prevenção contra o surgimento destas alterações nos bebês”, detalha ela.

Letícia faz questão de agradecer e ressaltar a importância da equipe envolvida na colaboração do projeto. “São diversas pessoas, dentre alunos de graduação e pós-graduação, professores e pesquisadores trabalhando em conjunto, sob a coordenação da Profª Danielle Macedo, neste objetivo comum. Nada seria possível sem a colaboração de cada um deles”, destaca.

Além dos professores já mencionados, colaboram nos estudos as pós-doutorandas Deniele Lós e Natália Fiorenza; as alunas de doutorado e mestrado Renata Kehdi, do Programa de Medicina Translacional, e Marylane Viana, do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia; os professores-pesquisadores Francisco Herlânio Costa Carvalho, do Departamento de Saúde Materno-Infantil, e Cristiana Libardi Miranda Furtado, do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), entre outras.

Fontes: Profª Danielle Macedo, do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da Faculdade de Medicina – e-mail: danielle.macedo@ufc.br; Letícia Régia Lima Cavalcante, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da Faculdade de Medicina (FAMED) – e-mail: leticiarlc@alu.ufc.br