Por Vanessa Alves
Estudante do 6º semestre do curso de Jornalismo da UFC e bolsista da Divisão de Comunicação da PROGRAD-UFC
A Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará promoveu, em novembro, o lançamento do box de livros “200 anos de Independência do Brasil – Insurreições e mártires no Ceará”, em referência ao Bicentenário da Independência nacional (1822-2022). Composto por seis volumes, o box foi desenvolvido a partir de iniciativa do Conselho Editorial da UFC, com apoio da Pró-Reitoria de Planejamento e Administração (PROPLAD).
Entre as obras integrantes do box está “A política como missão: o senador José Martiniano de Alencar pela emancipação do Brasil”, do Prof. Francisco Ari de Andrade, docente da Faculdade de Educação (FACED) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFC). Ele foi premiado no concurso de monografias da UFC, cuja temática era “A participação do Ceará nos movimentos e lutas pela Independência do Brasil“.
Ari Andrade é graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), mestre e doutor pelo PPGE/UFC, programa onde hoje é docente.
Sobre o sentimento ao ter o trabalho reconhecido com premiação e publicação, o pesquisador afirma: “O reconhecimento é uma recompensa do trabalho desenvolvido. Eu me sinto honrado por ter ficado em segundo lugar em um concurso muito rigoroso, que exigia uma escrita acadêmica também rigorosíssima e que foi avaliado por membros do Instituto do Ceará – Histórico, Geográfico e Antropológico, além de ser o Conselho Editorial da UFC presidido pelo Prof. Paulo Elpídio de Menezes Neto, uma das autoridades no campo da história e da memória do nosso estado e do nosso país. Acho que o trabalho teve a qualidade que a comissão queria ler e que consegui contemplar o que o edital previa”.
Lançado previamente em 1º de setembro deste ano, em Juazeiro do Norte (CE), o box de livros representa a retomada da Coleção Alagadiço Novo, a qual conta com 308 títulos envolvendo produção histórica, literária e cultural cearense e foi idealizada pelo Prof. Antônio Martins Filho (1904-2002), fundador e primeiro reitor da UFC. A publicação de “200 anos de Independência do Brasil – Insurreições e mártires no Ceará” tem como objetivo preencher uma lacuna na historiografia sobre a participação do Ceará nos movimentos políticos e sociais que resultaram na independência do país.
Mais especificamente, a obra “A política como missão: o senador José Martiniano de Alencar pela emancipação do Brasil” busca, conforme o coordenador da CAD, aproximar as gerações mais recentes da história da própria cidade, do estado e do país, além da atuação das lideranças políticas nesses âmbitos.
“Esta pesquisa também leva os jovens, as novas gerações, a entender que os movimentos de consolidação da independência do Brasil não foram orquestrados a partir do Rio de Janeiro, São Paulo ou Minas Gerais, ou seja, dessas três grandes províncias ou estados mais ricos de então. O Brasil todo estava participando, era uma questão brasileira e o Ceará teve sua contribuição por meio da sua liderança política, que, naquele momento, sobressaiu-se com José Martiniano de Alencar”, complementa o Prof. Francisco.
Ele pesquisou a trajetória do senador, pai do escritor José de Alencar, como participante da Revolução Pernambucana (1817) e da Confederação do Equador (1824), bem como os momentos de ocupação de cargos políticos. “José Martiniano de Alencar migra da luta revolucionária para o mundo da política, porque ele, como deputado e depois como senador, teria uma participação mais efetiva por meio da tribuna. Então, ele foi esse grande constitucionalista e republicanista na primeira metade do século XIX. Naquele primeiro momento em que a independência acontecia e era necessário criar leis para regulamentar educação, estrutura fundiária, economia, arrecadação das províncias e leis civis, ele está no Congresso, participando, está debatendo, discutindo”, declara o docente.
Entusiasta e pesquisador da história da educação do Ceará, o autor destaca ainda a atuação do político durante o período em que foi governador do Ceará (1834-1837) e propôs uma reforma de organização da educação básica no estado. Um dos projetos do escritor premiado é a publicação de um livro sobre a história da educação do Ceará, abordando, por exemplo, a Reforma Pombalina no âmbito educacional ocorrida em 1759 e o período de transição da Monarquia para a República.
Visando integrar professores de diversas universidades brasileiras, alunos da graduação e da pós-graduação no estudo da história da educação do Ceará, ele criou e lidera o GEPHEC (Grupo de Pesquisa em História da Educação do Ceará). Conforme o profissional, é importante que o(a) discente da graduação participe do mundo da pós-graduação e vice-versa para entender-se como sujeito de um processo histórico de construção do conhecimento.
Perguntado sobre a conciliação entre docência e pesquisa, o Prof. Francisco Ari de Andrade afirma perceber todo(a) professor(a) como pesquisador(a) em potencial, sendo a pesquisa parte do planejamento das aulas, quando o(a) profissional busca informações e a melhor maneira de propor os conteúdos para o grupo de estudantes.
“Eu não consigo ser professor sem desenvolver pesquisa. Eu não consigo ser professor sem envolver meus alunos de graduação e pós-graduação em pesquisa. Então, não consigo vislumbrar que a pesquisa se separe da docência e a docência se separe da pesquisa”, finaliza o autor de “A política como missão: o senador José Martiniano de Alencar pela emancipação do Brasil”.