Trabalho desenvolvido na pós-graduação em Engenharia de Teleinformática da UFC é vencedor do Prêmio CAPES de Tese

O pesquisador Roberto Pinto Antonioli, ex-aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Teleinformática da Universidade Federal do Ceará (PPGETI), é um dos vencedores da edição 2021 do Prêmio CAPES de Tese, na área Engenharias IV. O trabalho premiado elabora e propõe estratégias para tornar mais eficientes os sistemas de transmissão de redes móveis, incluindo a quinta geração (5G).

O resultado oficial foi divulgado no dia 3 de setembro pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e publicado no Diário Oficial da União (DOU).

Roberto Pinto Antonioli defendeu sua tese em 2020, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Teleinformática (Foto: arquivo pessoal)

Defendida em 2020, a tese é intitulada “Scheduling Strategies For Multi-Antenna Communications And Dual Connectivity In Wireless Networks” (Estratégias de programação para comunicações com várias antenas e conectividade dupla em redes sem fio, em tradução livre). Foi orientada pelo Prof. Tarcisio Ferreira Maciel, da UFC, e coorientada pelo Prof. Gábor Fodor, do KTH Royal Institute of Technology, de Estocolmo, na Suécia.

O trabalho foi desenvolvido no contexto do projeto de cooperação entre o Grupo de Pesquisa em Telecomunicações sem Fio (GTEL/UFC) e a empresa de telecomunicações Ericsson. Durante o doutorado, Roberto Antonioli cumpriu dois períodos sanduíche na Ericsson Research, na Suécia. A partir dos estudos realizados durante o curso, foram publicados nove artigos em periódicos e depositadas cinco solicitações de patente.

Atualmente, Antonioli segue atuando no PPGETI, agora em atividades de pós-doutorado. Ele participa de pesquisa sobre transceptores e alocação de recursos em redes centradas no usuário, também no âmbito da cooperação GTEL/Ericsson.

SOBRE A TESE ‒ O trabalho reconhecido pelo Prêmio CAPES parte do princípio de que os sistemas 5G e das próximas gerações de redes móveis deverão utilizar múltiplas antenas para transmissão e recepção de dados, aliadas a pequenas células. Nesse sentido, é de suma importância o desenvolvimento de técnicas para controlar quais usuários irão transmitir ou receber seus pacotes de dados, os quais transportam informações de voz, imagens, vídeos e textos escritos, por exemplo. Tais algoritmos de seleção de usuários influenciam diretamente no desempenho geral dos sistemas de comunicação móvel e, portanto, estão sempre em evolução à medida que novas tecnologias são desenvolvidas para garantir a satisfação dos usuários.

Neste contexto, a tese aborda aspectos de escalonamento relacionados a algoritmos de controle de fluxo de dados que definem como as informações são divididas entre as múltiplas conexões dos usuários. Além disso, propõe uma arquitetura inovadora para o escalonamento de usuários e um algoritmo para esta finalidade, que podem ser utilizados em redes futuras com múltiplas conexões. Por fim, a tese também sugere algoritmos para o escalonamento de usuários em sistemas com múltiplas antenas ‒ tecnologia que já é utilizada nas redes 4G e que também será usada nas redes 5G e futuras gerações.

Antonioli diz que o prêmio é o reconhecimento de um longo trabalho iniciado em 2015, quando ingressou no GTEL ainda como estudante de graduação e teve a oportunidade de participar de projetos de cooperação entre o grupo e a Ericsson.

“Esse projeto de cooperação público-privada foi extremamente importante e determinante para a conquista desse prêmio, uma vez que a partir dele tive a oportunidade de trabalhar com temas relevantes, com equipes de pesquisadores qualificados do Brasil e da Suécia, além da oportunidade de fazer dois estágios em sedes da Ericsson na Suécia. Por tudo isso, sou muito grato ao GTEL por toda a confiança depositada em mim durante esses anos”, ressalta o pesquisador.

VISIBILIDADE E PARCERIAS ‒ O coordenador do PPGETI, Prof. Yuri Carvalho Barbosa Silva, pontua que o prêmio é um reconhecimento merecido ao trabalho “de altíssimo nível” feito por Antonioli e seus orientadores.

“Para o PPGETI, atualmente avaliado como nota 6 (programa de excelência internacional) pela CAPES, esse resultado reforça o importante papel do programa na formação de pesquisadores de ponta e certamente contribuirá para aumentar sua visibilidade e estimular a vinda de novos talentos”, diz o coordenador. Ele acrescenta que a tese, desenvolvida no GTEL em cooperação com a indústria, gerou resultados expressivos em termos científicos (artigos publicados em periódicos de alto impacto) e tecnológicos (depósito de patentes), o que estimula a manutenção e o estabelecimento de parcerias de sucesso.

SOBRE O PRÊMIO ‒ O Prêmio CAPES de Tese reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros de acordo com os seguintes critérios: originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação e o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato. Criado em 2005 e entregue pela primeira vez em 2006, ele abrange todas as áreas de conhecimento que têm um representante na avaliação da pós-graduação stricto sensu.

Entre outros benefícios, a edição 2021 do prêmio prevê certificado de premiação ao orientador, coorientador(es) e ao programa em que foi defendida a tese; certificado de premiação e medalha para o autor; prêmio ao orientador para participação em evento acadêmico-científico nacional, no valor de R$ 3 mil; bolsa de pós-doutorado para o autor, em instituição nacional, por até 12 meses.

A tese desenvolvida na UFC está concorrendo, automaticamente, ao Grande Prêmio CAPES de Tese, que será concedido para a melhor tese selecionada entre as vencedoras do Prêmio CAPES de Tese, agrupadas em três grupos de grandes áreas: I. Ciências Biológicas, Ciências da Saúde e Ciências Agrárias; II. Engenharias, Ciências Exatas e da Terra e Multidisciplinar (Biotecnologia, Ciências Ambientais, Ensino, Interdisciplinar e Materiais); III. Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Linguística, Letras e Artes.

Fonte: Roberto Antonioli, pesquisador do GTEL ‒ antonioli@gtel.ufc.br